Por Marinho Monteiro
“Na final daquela Copa Sul-Minas 2000, no segundo jogo, antes da partida, estávamos (eu e outros fiéis americanos) se confraternizando naquelas barraquinhas que rodeam o Gigante da Pampulha por fora.Pois bem, me aparece , no meio daquela confusão de gente passando, um senhor muito humilde mesmo, catando latinha perto do meu grupo. A bicharada passava enchendo o saco, meus amigos retrucando, e eu prestando atenção na conduta do senhor. Eu estava muito tenso, doido para entrar no estádio, pois o América estava prestes a decidir um caneco com um rival. Me veio tristeza ( no meio de tanta alegria com o meu time ) ao ver a cena e perguntei: – O senhor aceita uma lata de cerveja cheia? Compro uma para o senhor! Ele respondeu: – não bebo em serviço. Aí todo mundo que estava perto rachou de rir! Diante dele, insisti: – Então não aceita um churrasco? Aproveita, pois vamos entrar logo! Ele olhou para mim na maior das sinceridades e disse: – Já que vocês estão tão solidários comigo, gostaria sim de aceitar uma coisa: um ingresso para ver o meu Coelho ser campeão, vim para cá só para passar energia positiva, desde 71 não tenho essa alegria ao vivo e de bate pronto falou a escalação de 71. Pronto. Não tinha um perto que não ficou emocionado. Quando assustei, o ingresso já estava na mão dele ( não sei nem quem deu ). A última cena dele foi naquela fila enorme para entrar no campo, ele tinha deixado o saco de latinhas na barraca ( a mulher iria olhar para ele ). Ele gritava coelho com muito orgulho, com muito amor. Fomos campeões naquele dia. Eu poderia muito bem aumentar a história dizendo que comemorei com ele lá dentro. Mas não, nunca mais vi. Costumo dizer que foi um anjo, que após a nossa conquista homérica voltou para o céu, para chegar a tempo para comemorar com os americanos que já se foram, como o meu avô. Realmente, tem coisas que só acontecem com o América. Um abraço verde. “
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